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Pedidos em revisão. Como a crise da embalagem fez o mercado mudar.

A escassez de matérias-primas nos últimos meses trouxe graves reflexos na produção econômica do Brasil. Faltaram produtos, o valor dos insumos aumentou e muitas empresas que trabalham com embalagens sofreram os efeitos dessa crise.

Os negócios precisaram ser repensados desde que a pandemia começou. O setor de delivery e e-commerce aumentou bastante nos últimos meses e, com ele, também vieram os problemas como a falta de embalagens.

Nos primeiros meses da pandemia, houve um desarranjo das cadeias produtivas. Para se ter uma ideia, de acordo com IBGE, a produção industrial brasileira acumulou queda de 27% no total entre março e abril. Com isso, o consumo de estoque (de insumos e produtos já acabados) foi acelerado, sem rápida reposição.

Com o mercado de embalagens o mesmo aconteceu. Os meses de abril e maio foram os mais complicados para o setor, com desempenho inferior em relação a 2019: o segundo trimestre, de acordo com a Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), teve um recuo em relação ao mesmo período do ano passado, com queda de 12,5% em maio.

Depois, com a economia brasileira (e no mundo) tentando se recuperar, a expedição de caixas e chapas de papelão ondulado conseguiu ter um bom aumento comparado ao ano passado, com melhoria de cerca de 15% em setembro e 8% em outubro, mês em que foram produzidas 362 mil toneladas de caixas e chapas no Brasil, a maior marca da indústria nacional, segundo a ABPO. No primeiro semestre, o crescimento total foi de 2,1% em relação a 2019, com 1,8 tonelada de embalagens produzidas no país.

Esses bons números trazem juntos um reflexo direto no mercado: a falta de insumos. Mas, ainda de acordo com a ABPO, são vários os problemas que causaram uma crise no setor da embalagem, como a elevação dos custos de aparas e o impacto do câmbio sobre insumos e peças de reposição.

Todos esses pontos obrigaram o mercado a reajustar os seus valores. Segundo a entidade, a redução da reciclagem na pandemia foi outro fator que trouxe problemas ao setor. Afinal, o uso de papel reciclado é responsável por 70% do total do papelão ondulado produzido.

Além de todos esses problemas, a falta de matéria-prima fez com que os principais fabricantes de embalagem de papel ondulado precisassem também se adequar aos novos tempos. A falta de matéria-prima para a produção, com todos os reajustes de preços, acabaram resultando em uma outra questão que complicou todo o mercado: o atraso no prazo de entrega. Para não sofrer com esse problema (ou ter o menor impacto em seus negócios), muitas empresas que compram embalagens passaram a solicitar seus pedidos com maior antecedência e em maior número do que estavam acostumados a fazer.

Uma outra questão que impactou na falta de produtos no Brasil foi a desvalorização do real em relação ao dólar, e o mercado chinês comprando cada vez mais: a demanda por commodities brasileiras, como papel e celulose, nunca estiveram tão em alta, com uma maior exportação desses insumos.

Segundo projeções recentes da RISI, principal provedora de informações de mercado do setor de papel e celulose no mundo, esse cenário ainda deve permanecer até o primeiro trimestre de 2021.